Enquanto escrevemos estas linhas, a epidemia do coronavírus é usada por governos de todo o mundo para justificar o confinamento de grande parte da população. Os direitos de propriedade privada foram violados em um grau sem precedentes em tempos de paz.Ouvimos dizer que, supostamente, não existia coordenação suficiente entre os países, que precisaríamos de uma centralização política ainda maior e que um governo mundial poderia controlar epidemias com mais eficiência. De fato, existem pessoas que realmente acreditam que esse suposto governo mundial, com o controle suficiente, poderia ter parado a presente epidemia muito mais cedo.A apologia à centralização e à perda das liberdades é uma coisa assustadora. Portanto, a publicação desta edição em língua portuguesa é mais do que oportuna.Pequenos Estados são mais eficientes ao lidar com problemas em geral; e no tratamento de epidemias também. Eles podem reagir mais rapidamente e de forma mais flexível. Num mundo descentralizado, há concorrência; novas terapias podem ser experimentadas e novos medicamentos desenvolvidos. Os erros que os grandes Estados cometem em uma epidemia são literalmente mortais. Por exemplo, na Espanha, o governo central recomendou que a população participasse de uma manifestação no dia 8 de março contra uma suposta ideologia machista ou patriarcal. Mais de 120 mil cidadãos seguiram o conselho marchando lado a lado. No dia seguinte, a taxa de infecção pelo coronavírus decolou, levando à infecção e à morte de milhares de espanhóis. A má administração do enorme setor de saúde pública contribuiu para a catástrofe.Em pequenas entidades políticas, pode-se proteger de forma mais rápida e eficiente. As distâncias são menores, há relativamente mais conhecimento sobre as circunstâncias específicas e, além disso, a informação flui mais rapidamente.Como mostramos em nosso livro, em pequenos Estados, há menos corrupção e mais responsabilidade. Além disso, os pequenos Estados tendem a ser mais ricos e tecnologicamente mais avançados. Tudo isso pode salvar vidas em epidemias.Nosso livro foi escrito sob uma perspectiva alemã, pois os dois autores são alemães. Portanto, existem exemplos da Alemanha e da União Europeia no livro. No entanto, a lógica de nosso argumento é universal. Aplica-se a todo o mundo. Em todo o mundo, temos o mesmo problema, ou seja, muitas pessoas acreditam que o futuro está na centralização e em Estados maiores. Mostramos que é exatamente o contrário, que os Estados menores tendem a ser mais livres, mais ricos, mais pacíficos, menos regulamentados, a possuírem moedas mais fortes e a cobrarem menos tributos. E eles podem sobreviver em um mundo onde também existem grandes Estados, se cooperarem.O período mais elevado da civilização ocorreu quando tínhamos uma enorme quantidade de pequenos Estados competindo entre si, que tinha desde a pólis grega até milhares de entidades políticas na Europa da Idade Média. Os Estados alemães dispersos do século XIX são outro exemplo.Em todo o mundo, o futuro será melhor se houver Estados menores e, portanto, em maior número. Também na América Latina, observa-se Estados gigantescos, realmente continentais, que em termos de suas extensões podem ultrapassar facilmente a União Europeia. Uma reforma geopolítica nos Estados da América Latina, por exemplo, reorganizando-os em dezenas, centenas ou milhares de pequenos Estados independentes, talvez até em algumas confederações, seria altamente benéfico para todos os seus povos. Eles ainda poderiam cooperar em assuntos estrangeiros e seriam pacificamente conectados pelo comércio e por seus eventuais traços culturais em comum. O mesmo se aplica, é claro, a outros países da América inteira e do mundo.Aplicando a conclusão de nosso livro, ou seja, que os países pequenos são melhores do que os grandes, seria possível transformar a América Latina em um continente mais próspero, mais competitivo e mais atraente em pouquíssimo tempo. Seria uma grande oportunidade.